Foram 4 anos e
meio enfrentando algo que parecia ser maior do que eu. Seca e
morta dentro de um caixão era o destino que o diabo desejava para mim.
Em
2006, lembro que acordei, de repente, me sentindo muito mal. Uma náusea, um
bolo na garganta, algo que passei a sentir 24h por dia. Por causa disso,
eu simplesmente não conseguia me alimentar. Fui definhando dia após dia, e em
apenas duas semanas perdi 10 quilos. Fiquei reduzida a pele e osso. Sempre que
saia de casa, eu passava mal na rua, precisei abandonar os estudos e o
trabalho, para me cuidar. Estava fraca demais para continuar vivendo a rotina
que eu tinha antes.
A cada dia, minha situação piorava. Eu
precisava reagir, não podia continuar sem me alimentar. Sentia fome, mas a
náusea não me deixava comer. Foi então que decidi
transformar minha comida em líquido: batia no liquidificador o almoço e o
jantar, misturando arroz, feijão e bife. Depois tampava o nariz e forçava a
engolir. Não era gostoso, mas era necessário. Eu precisava lutar até encontrar
uma solução para tudo isso. O que eu sentia era inexplicável. Até
enquanto dormia, sentia o mal-estar, e o cheiro de comida só fazia tudo piorar.
No entanto, eu não chegava a vomitar, eram apenas náuseas constantes.
Busquei ajuda em vários médicos.
Ouvi coisas que jamais esquecerei, como:
“VOCÊ DEVE ESTAR COM ANOREXIA DEPRESSIVA OU
BULIMIA.”
“SE NÃO COMER, VAI MORRER. NÃO TENHO REMÉDIO PARA TE PASSAR, VOCÊ NÃO TEM
NADA.”
Eu não conseguia entender o que
estava acontecendo comigo. O problema persistia, dia após dia. Eu passava mais
tempo nos hospitais do que em casa, sempre sendo socorrida. Fiz inúmeros
exames, diversas endoscopias e exames de imagem. Mas, apesar de tudo, os
resultados continuavam os mesmos: nada de grave. No meio de tanta rotina
hospitalar, restava apenas a sensação de angústia e de cansaço como se a vida
tivesse se resumido à espera por respostas que nunca chegavam. Fiquei fraca,
anêmica, esgotada e minha autoestima despencou. Evitava olhar no espelho ou
subir na balança; meu corpo estava reduzido a um esqueleto, e aquilo me causava
uma angústia que eu mal conseguia descrever.
Foi um
período extremamente difícil da minha vida. Como se tudo o que eu já estava
enfrentando não fosse o bastante, ainda havia quem me olhasse com julgamento, e
faziam piadinhas como se eu fosse culpada pelo próprio sofrimento.
Quatro anos se passaram. E, em
um dos meus momentos mais sombrios, eu já não conseguia nem engolir o
alimento. Fiquei uma semana à base de soro, apenas para ter forças de me
levantar.
Então fui ao culto da igreja onde eu congregava, e
onde já fazia algum tempo que eu não ia por estar muito debilitada. Fui em
busca de uma resposta de Deus, de uma providência divina.
E Deus falou comigo através de
um pastor:
“JOVEM, O INIMIGO LUTOU MUITO CONTRA A SUA VIDA. HOJE, PELA LÓGICA HUMANA,
ERA PARA VOCÊ ESTAR MORTA, SECA DENTRO DE UM CAIXÃO. MAS DEUS NÃO PERMITIU. ELE
TE PRESERVOU POR CAUSA DA GRANDE OBRA QUE TEM NA SUA VIDA. ELE TE AMA.”
Mas
minha batalha ainda não tinha terminado. Nas madrugadas, dentro do meu quarto,
eu via vultos atravessando a escuridão e presenciava aparições que tentavam me
paralisar. Às vezes, os móveis tremiam sem nenhuma explicação, como se algo
invisível estivesse ali, perturbando minha paz.
Uma
dessas noites ficou marcada para sempre na minha memória. Acordei com os berros
desesperados do meu gato. Quando abri os olhos, vi que ele estava parado diante
de uma parede branca do meu quarto, uma parede vazia, sem nenhum quadro, sem
nada pendurado. Ele estava ali, parado diante da parede, todo espichado,
arrepiado, gritando sem parar. Era algo que ele claramente via ali, sentia
medo. Quando olhei para a parede, eu também vi. O demônio estava ali, olhos
enormes, vermelhos, fixos em mim. E o meu gato, apavorado, fixo nele. Aquilo
não era delírio. Eu sabia. O gato também viu.
Em
outra madrugada, quando me ajoelhei para orar antes de dormir, algo
aconteceu. Ao levantar a cabeça, vi ao lado da minha cama uma figura
encoberta por um manto preto, o rosto como se a escuridão escondesse cada
traço, nas mãos, segurava uma foice. Era tão nítido, uma visão aberta, muito
real. Ele estava ali de pé, imóvel, apenas me observando. Sua presença era
fria, pesada e sombria, como se a própria escuridão tivesse tomado forma de uma
pessoa.
Naquele
instante, fechei os olhos e orei a Deus com tudo o que eu tinha, com a alma
inteira, como se aquela fosse a última oração da minha vida.
De repente, o ambiente mudou.
Aquela presença que eu compreendi ser a própria morte, simplesmente
desapareceu. E então, no silêncio profundo do quarto, uma voz suave falou os
meus ouvidos, dizendo:
“AINDA QUE VOCÊ VENHA A
MORRER, EU TENHO O PODER DE TE RESSUSCITAR. EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA;
AINDA QUE ESTEJA MORTO, VIVERÁ.” (João 11:25)
“Em
todo tempo Eu te observei e estive contigo. Não te deixei só. Eu te provei, e
hoje a sua prova acabou.”
Era
a voz de Deus falando comigo. Senti uma paz tão profunda que chorei até
adormecer nos braços d’Ele. Quando amanheceu, fui ao culto ainda tocada por
tudo o que havia acontecido. E, mais uma vez, Deus falou comigo e agora através
de um pastor:
“FILHA... GRANDE FOI
A SUA PROVAÇÃO. EU VI TUDO O QUE VOCÊ PASSOU. A PROVA ACABOU HOJE. AGORA, VOCÊ
VAI CANTAR.”
Na mesma hora, caí de joelhos e
chorei como nunca antes. Deus estava ali, confirmando tudo, envolvendo meu
coração com Sua presença e me mostrando que cada lágrima, cada luta, havia
valido a pena. (Sal 25:3 e Amós 3:7 )
A prova realmente acabou. Os sintomas desapareceram inexplicavelmente, e voltei
a me alimentar normalmente. Tudo isso que me aconteceu é a prova de que todos
nós podemos enfrentar situações inexplicáveis e até sobrenaturais, momentos em
que somente a mão de Deus pode nos socorrer e nos sustentar. E por isso, não
podemos desistir da batalha, porque sempre haverá uma saída. Afinal, todos os
dias enfrentaremos lutas e provações de diferentes formas e ao longo da vida,
mas em todos os momentos Deus está conosco. E nada escapa do controle das mãos
Dele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário